Seca Severa Impacta Cana e Antecipa Colheita no Centro-Sul

Autor: Victor Campanate - Data: 06/11/2024

Um levantamento realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) revelou uma queda significativa na produtividade da cana-de-açúcar na região centro-sul do Brasil. Em setembro de 2024, a produtividade média foi de 69,7 toneladas por hectare (t/ha), em comparação com 83,4 t/ha no mesmo mês de 2023. A União da Indústria de Cana-de-açúcar e Biotecnologia (UNICA) informou que 12 usinas anteciparam a colheita até a segunda quinzena de outubro, contra apenas quatro unidades no mesmo período do ano anterior.

Apesar da queda na produtividade, a qualidade da matéria-prima melhorou ligeiramente. O Açúcar Total Recuperável (ATR) teve um aumento modesto, registrando 136,71 kg por tonelada de cana colhida em 2024. Entre os associados da UNICA, a média foi de 160,30 kg por tonelada, um aumento de 6,98% em relação ao ano anterior.

Na primeira quinzena de outubro, 255 unidades produtoras operaram na região centro-sul, processando 33,83 milhões de toneladas de cana, um aumento de 2,75% em comparação ao mesmo período da safra anterior. No acumulado da safra 2024/2025 até 16 de outubro, a moagem totalizou 538,85 milhões de toneladas, um crescimento de 2,36% em relação ao ciclo anterior.

A antecipação da colheita é uma estratégia para mitigar perdas de produtividade devido à seca extrema. A seca anormal e prolongada desde dezembro de 2023 exacerbou os desafios enfrentados pelo setor.

A adaptação das colheitas para aproveitar momentos favoráveis permite maior preparação para a próxima safra, mas o impacto da seca deve ser sentido também no próximo ano. A irrigação pode amenizar os efeitos da seca, mas dependerá de novas outorgas de uso de água, que atualmente são restritas.

As variedades de cana-de-açúcar no Brasil são selecionadas para tolerar a seca, mas o potencial produtivo ainda é afetado. A adoção de técnicas de irrigação, como a irrigação de salvamento e a irrigação deficitária, pode reduzir os impactos negativos e melhorar a produtividade, mas enfrenta desafios de implementação devido a restrições regulatórias e financeiras.

A seca extrema deste ano ressalta a necessidade de estratégias sustentáveis e inovadoras para garantir a produtividade agrícola e a segurança alimentar no Brasil.