Os benefícios que a Hidroponia pode trazer ao meio ambiente e ao bolso do produtor

Autor: Jéssica de Souza - Data: 15/10/2021

Sistema Hidropônico. Fonte: Canal Rural

Hidroponia é uma palavra de origem grega que significa “trabalho com água”. É um sistema onde ocorre uma mistura entre os nutrientes líquidos e a água que circula pelas raízes das plantas em um sistema que não faz uso dos solos.

Algumas pesquisas apontam que a hidroponia deu-se início na época dos sumérios mas só foi ser estudada no séc XVII. Em 1929 a técnica foi desenvolvida pelo pesquisador William Frederick Gericke e apresentada comercialmente em 1940. Os países pioneiros foram França, Estados Unidos e Japão, e foram os japoneses Shigeru Ueda e Takanori Sekine que a trouxeram para o Brasil na década de 80.

O sistema tem sido usado como solução para diversos problemas que a agricultura convencional tem causado ao meio ambiente como, por exemplo, a contaminação dos solos, consumo de água e grande área para o cultivo. Além dessas complicações ambientais, elas geram também altos custos ao produtor no que se diz respeito ao transporte dos produtos aos locais de consumo, refletindo no preço de venda.

A hidroponia tem sido aplicada principalmente nas grandes cidades como solução para trazer de volta as áreas verdes através das “Fazendas Verticais”. Isto porque o sistema hidropônico não utiliza o solo propriamente dito para o plantio, sendo inserido de forma verticalizada em “bancadas” e, portanto, podendo ser feito em qualquer ambiente como é o caso de projetos como o Pink Farms, entre outras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.

Fazendas Verticais - Pink Farms. Fonte: Canal Rural

Fazenda do agricultor Paulo Rodrigues Alves, em Goiás. Fonte: G1 Globo

Os principais tipos de sistema de hidroponia são o floating, NTF, Subirrigação, DFT, substratos, de pavios, aquaponia e aeroponia. Cada sistema é classificado de acordo com a movimentação da solução nutritiva - estático ou dinâmico - e se ocorre o retorno ou não da solução para os reservatórios - aberto ou fechado.

Abaixo explicamos resumidamente alguns desses sistemas:

* Sistema floating: a solução com nutrientes fica flutuando com as raízes submersas nela. É um sistema estático aberto, pois a água se mantém no lugar e não vai para um reservatório. Geralmente é usado uma placa de isopor onde as plantas se apoiam e necessita de um bom sistema de aeração para que ocorra as reações biológicas e a água se torne limpa. É indicado para regiões de clima de calor intenso.

Hidroponia - Sistema floating. Fonte: Kokomo Tribune

* Sistema NFT (Nutrient Film Technique): Uma motobomba, aliada a um temporizador, faz com que a solução circule pelo sistema e volte para um reservatório. A bomba é acionada e despeja a solução pela parte superior do sistema e depois é absorvida na parte inferior e volta para o reservatório. A quantidade de vezes que ela passa no sistema é determinada pelo produtor e programada no temporizador. Periodicamente é necessário fazer a limpeza do sistema trocando a solução, desinfetar os tubos e aeração.

Hidroponia - Sistema NFT. Fonte: Hidropona Brasil

Hidroponia - Sistema NFT. Fonte: Marques Fernandes

* Sistema por Subirrigação: também faz uso de motobomba. A solução circula pelo sistema, de acordo com a programação feita no temporizador, enchendo de baixo para cima, onde atinge um nível de lâmina desejado e depois volta para o reservatório. Como vantagem temos a uniformidade na produção, redução do tempo de crescimento, menos perda de água e nutrientes; e como desvantagem podemos citar um risco de aumentar a disseminação de bactérias e alta concentração dos sais na camada superior do substrato.

Hidroponia - SistemaSubirrigação. Fonte: Safra Viva

*** Sistema de gotejamento: já nesse sistema a irrigação é feita gota a gota através de tubos gotejadores que ficam junto aos pés das mudas e, embora não seja aplicado diretamente nas raízes igual aos outros sistemas, despejam os nutrientes misturados à água.

Hidroponia - SistemaSubirrigação. Fonte: Safra Viva

Vantagens:

Por dispensar o uso do solo para seu desenvolvimento a produção pode ser verticalizada, o que gera uma maior quantidade de plantio na área. Em outros países são feitos usos até de subsolos para o plantio.

O fato de ser aplicado todos os nutrientes que a planta necessita, em tempo integral, faz com que ela se desenvolva mais rápido e com uma melhor qualidade. Com isso se tem mais colheitas durante o ano e consequentemente gerar mais rendimento.

Toda a água utilizada no sistema com os nutrientes pode ser reaproveitada gerando uma economia de até 95% do consumo de água se for comparado a outros métodos convencionais de plantio.

Por fim, podemos citar também o baixo uso de defensivos agrícolas, o que evita a contaminação dos lençóis freáticos.

Tomates hidropônicos. Fonte: Pinterest

Desvantagens:

Apesar de poucas, as desvantagens existem.

A primeira é o fato do sistema ser dependente de energia elétrica, para uso das motobombas e temporizadores, e caso houver uma queda de energia será necessário um gerador para manter ele em funcionamento evitando perda da produção.

A disseminação de vírus e bactérias é mais fácil nesse sistema devido a própria circulação da solução nutritiva que pode levar esses agentes para outras plantas, ocasionando a contaminação.

É necessário um grande conhecimento da técnica e acompanhamento da mesma para que todo o sistema funcione.

O que é necessário considerar ao projetar um sistema hidropônico?

Primeiro deve-se escolher o que irá plantar. Na hidroponia existe uma grande variedade de plantas que conseguem se desenvolver muito bem no sistema, mas as mais comuns seriam o alface, tomate e morango. Outras espécies que podem ser plantadas são, por exemplo, brócolis, pimentão, arroz, melão, mudas de árvores, etc.

O local onde será inserido também tem sua importância no que se diz respeito à escolha do terreno. Ele deve ter um declive entre 5% e 8%, uma boa fonte de água, ventos moderados e uma boa insolação. É bom estar próximo ao consumidor para evitar altos custos de transporte.

Destacamos também o uso dos equipamentos. Estufas são necessárias para manter o ambiente do plantio protegido das ações climáticas e de pragas. As bancadas onde serão colocadas as plantas geralmente são feitas de madeira ou alumínio, seu tamanho varia de acordo com o cultivo e o comprimento recomenda-se não ultrapassar os 15 metros para que não sofra variações de temperaturas.

Os canais de cultivo são os tubos onde as plantas são inseridas e por onde passam as soluções nutritivas e podem ser feitos de canos de PVC, telhas de amianto e de polipropileno; atentando para o espaçamento dos furos que varia de acordo com a espécie que será cultivada. Já os reservatórios são de material de PVC e fibra, devem ser instalados abaixo da tubulação de drenagem e ser enterrados para evitar a ação dos raios solares; evite reservatórios com capacidade acima de 5000 litros para que não ocorra problemas com o manejo químico e a oxigenação da solução nutritiva, dê preferência a uma maior quantidade de reservatórios.

A motobomba precisa ser de um material interno que não sofra corrosão devido à passagem da solução nutritiva e instalada abaixo da metade da altura do reservatório para evitar falha no bombeamento; a capacidade de vazão deve ser dimensionada de acordo com a quantidade de canais que serão irrigados. Já o temporizador existem diversos no mercado, mecânicos e eletrônicos, e devem ser programados de acordo com o tipo de cultivo, região, época do ano, etc.

Outra preocupação seria com a energia elétrica, pois ela que vai fazer todo o sistema funcionar e caso haja uma falha de energia é necessário possuir outras alternativas para fazer o bombeamento da solução pelos canais como, por exemplo, geradores ou uma bomba a gasolina.

O plantio hidropônico precisa ser monitorado constantemente, sempre observando o nível da solução nutritiva, dosagem dos ingredientes, ajuste do pH, condutividade elétrica, surgimento de doenças e pragas, etc. Por isso é necessário que os funcionários possuam treinamentos em cursos qualificados para sempre estarem atualizados sobre as técnicas de manejo do mercado.