José Maurício Tavares e a irrigação em grandes empreendimentos.
Autor: Duda Freitas - Data: 05/10/2022
Vamos conhecer Maurício Tavares, sócio da Jardini Irrigação e Paisagismo.
Maurício Tavares é sócio da Jardini Irrigação e Paisagismo, uma empresa do estado do Ceará, especializada em gestão paisagística. É analista de sistemas por formação, bacharel em direito, técnico em irrigação, paisagista e tem especialização em arquitetura de sistemas e gestão de processos.
A Jardini, tem alguns clientes marcantes no estado do Ceará e participa também de projetos e execuções de ícones empresariais do estado.
Veja a entrevista na íntegra:
AuE Irrigação: Como foi sua escolha pela área de irrigação e como se deu seu desenvolvimento nela?
Não sou originalmente da área, comecei como analista de sistemas de uma indústria e mudei para a irrigação quando o meu sogro, que é um responsável na área de irrigação há mais de 35 anos, foi acometido por uma leucemia há 10 anos atrás e teve de se afastar do trabalho.
Nessa época eu trabalhava em uma indústria e pedi demissão para assumir o negócio dele, e então acabei me apaixonando pela irrigação. Eu era responsável pela parte de automação na Indústria em que trabalhava. Isso foi o que iniciou a Jardini em 2014, fazendo apenas a parte da irrigação.
AuE Irrigação: Quais os tipos de projeto com que a Jardini Irrigação e Paisagismo trabalha?
Começamos a fazer alguns projetos residenciais, executar, antes sem o HydroLANDSCAPE e projetando mais com o RainCAD. Depois enveredamos para a parte corporativa, entrando em contato com algumas construtoras, criando praças públicas com gestão em iniciativa privada e começamos a nos desenvolver. Também executamos resorts do estado do Ceará, na região do litoral. A gente está na gestão de 4 deles e com projeto de mais 4 no momento.
Depois de um tempo começamos a entrar na parte de paisagismo, sem fazer a execução, e entramos num cabo de guerra com as empresas que faziam paisagismo mas não executavam irrigação, pois sempre que o paisagismo evoluía dizia-se que era responsabilidade da irrigação. A partir daí a Jardini começou a executar paisagismo para acabar com esse problema. Virou então a Jardini Irrigação e Paisagismo.
Com a demanda da manutenção das áreas verdes passamos a fazer a manutenção também. Com o fim dessas obras de paisagismo, ficamos com a parte mais direcionada para projetos e gestão, tanto da irrigação quanto do paisagismo de alguns clientes, de hotéis a resorts do Ceará, algumas instituições privadas e religiosas também. Deixamos então a parte de obras para trás.
Hoje a Jardini é uma empresa especializada em gestão paisagística com 50 funcionários, está presente em 3 municípios do estado e é responsável pela manutenção e gestão de áreas verdes de grande porte. Isso trabalhado pelo lado corporativo, na área de gestão tem a área de projeto, que é a parte de elaboração de soluções, e, quando o cliente insiste, até mesmo a execução do projeto.
AuE Irrigação: Então vocês não trabalham mais com projetos paisagísticos?
A parte de paisagismo não é mais feita pela Jardini, até temos uma arquiteta contratada e só fazemos projetos paisagísticos de clientes particulares ou de pequeno porte porque existe uma questão atrelada ao marketing da venda de um empreendimento que é o projeto paisagístico.
O projeto vai entrar como uma ferramenta de embelezamento mas também vai entrar como um atributo de marketing. E nós não estamos nesse patamar. Entramos com as soluções de irrigação para esse paisagismo, que pode envolver até mesmo R$500.000 reais.
Fazemos paisagismo somente em projetos menores, tanto que só temos o contrato do HydroLANDSCAPE com a AuE Software.
AuE Irrigação: Você se lembra de como foi seu primeiro projeto em que se sentiu confiante como profissional de irrigação?
A gente entende a importância e a diferença do trabalho de um irrigante quando pegamos o projeto de uma pessoa sem qualificação profissional, que acredita ter a solução, mas que quando coloca no chão a coisa não funciona.
Trabalhar sem as medições específicas para a irrigação é como construir uma casa sem projeto.
Foi quando entendi que eu era um irrigante. Vimos muito isso no começo da empresa, quando oferecíamos a solução de um projeto de irrigação a empresa achava que estávamos cobrando muito caro, pois sempre haviam pessoas sem especialização fazendo por mais barato.
Assim sempre vai ser o sistema de irrigação. Existem os jardineiros de longa data que irrigam na mangueira e se julgam com experiência o suficiente para poder desenvolver um projeto com sistema de irrigação de uma área grande para colocar para funcionar.
Então sempre batemos na tecla de que o projeto tem que ser feito, elaborado um memorial descritivo, material quantitativo. Existe uma responsabilidade técnica que tem que ser respeitada. A Jardini só entra em licitações que tenham projeto.
Meu primeiro projeto em que tive confiança foi uma residência que a gente fez e eu entrei como executor para cavar buraco, eu e meu sócio com enxadinha na mão, puxando tubo, colando no meu pai que é engenheiro de formação e trabalhou anos na Companhia Energética do Ceará e me ajudou nessa parte com a experiência dele pois praticamente não tínhamos funcionários. Sendo só meu sócio e eu e talvez algum funcionário que contratamos para aquele serviço
Fomos aprendendo bem sofrido, a mexer no cad, usar as ferramentas para executar e conseguimos ver que sem cálculo, nada funciona, não pode fazer projeto no “achismo”, pois sem uma formação exata, você vai precisar de muita sorte para tudo dar certo, e nada tira a precisão e exatidão de um projeto bem calculado.
AuE Irrigação: Você e sua empresa são do Ceará, vocês fazem projetos para todo o país ou apenas para sua região?
A Jardini trabalha hoje em dia com a gestão de grandes clientes, em grandes empreendimentos. Estamos sediados em Fortaleza, no Ceará, e atuamos nas redondezas, na região metropolitana de Fortaleza.
AuE Irrigação: Qual é o maior desafio para vocês?
Um grande desafio para a gente e para todos é a questão climática, em todas as regiões, não apenas a de Fortaleza que é seca e quente. Aqui precisamos de água. Para fazer um projeto de um jardim verde, bonito e exuberante com recursos limitados, você precisa de um compromisso e uma precisão para garantir um resultado para o cliente para não jogar fora o dinheiro investido por ele.
A solução não é só o projeto em si, é o dimensionamento, os mecanismos que serão utilizados para cobrir a região, de onde virá a fonte de água, qual o estoque da água.
É toda uma solução que será empregada além do projeto em si. Ela vem desde o abastecimento, do estoque, da reposição, transposição da água para que o sistema de irrigação funcione.
AuE Irrigação: A Jardini trabalha com reaproveitamento de água?
A Jardini não trabalha com reaproveitamento de água, mas alguns sistemas de irrigação usam água de reuso, inclusive o empreendimento icônico da cidade de Fortaleza usa o reaproveitamento de água nos ares-condicionados
Aue Paisagismo:Qual é o processo seguido quando o cliente entra em contato com vocês para ter seu jardim irrigado?
Primeiro, no projeto, precisamos analisar a área do cliente, visitar o local, entender o jardim e qual a proposta que aquele jardim tem para o cliente e entender a ideia, depois é entender de onde vem a água, para então planejarmos quais as tecnologias vão ser utilizadas no projeto.
Sem a água não tem irrigação. Temos várias soluções bonitas para o paisagismo sem água, como por exemplo o xeropaisagismo. Suculentas, cactos, pedras. Vai ficar bonito do mesmo jeito e sem uma necessidade grande de água.
Se o cliente quiser um gramado, vai precisar de água, por isso o paisagismo deve buscar criar um projeto baseado na fonte de água também.
Precisamos entender qual o propósito do jardim para o cliente para saber se temos condições de lhe atender. O jardim é um bioma vivo, então é preciso entender o que o jardim tem que entregar, para depois pensarmos no que podemos fazer pelo cliente.
Poderia deixar uma mensagem para quem está começando e precisa de uma inspiração no ramo da irrigação?
A irrigação é vida. Israel consegue fazer cultivo de plantações no meio do deserto, a água é um bem que não é infinito, então o aproveitamento e a utilização correta desse bem é o futuro para muito gente e Israel prova que nada é impossível.
Fonte: Freepik
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