Crise Hídrica no Brasil: Quais as consequências para a irrigação?
Autor: Jéssica de Souza - Data: 16/06/2021
Fonte: R7
Os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, por exemplo, estão com apenas 32% da capacidade, sendo que ele é responsável pela maioria do abastecimento de energia do país. Isso fez com que a Agência Nacional de Águas (ANA) declarasse situação crítica de escassez hídricas em regiões dos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
A crise hídrica já sonda o Brasil há muitos anos. Isso tudo é consequência de ações como o desmatamento, aquecimento global, La Ninã, entre outros fatores. (pensar em algo para complementar o parágrafo)
No desmatamento, que vem ocorrendo na Amazônia, a retirada das árvores acaba afetando o fluxo dos ventos alísios. Esses ventos trazem a umidade dos oceanos e caem em forma de chuva na Amazônia. As árvores, de raízes profundas, drenam essa água e devolvem para o ar e esse vento vai refazendo esse ciclo pelas regiões do Brasil. Ao desmatar áreas ocorre uma diminuição do nível das chuvas.
No aquecimento global o processo é através da emissão de gases que causam o efeito estufa. Esses gases são gerados pela queima de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão e gás natural. Teoricamente o efeito estufa é algo positivo, pois ajuda a manter a temperatura amena na Terra. Mas nos últimos anos o aumento acelerado desses gases faz com que a temperatura suba alterando, consequentemente, o clima do planeta causando desertificação em algumas regiões e grandes tempestades em outras.
Já os efeitos do La Ninã podem causar alteração de temperatura e precipitação em diversas regiões do Brasil. No primeiro trimestre de 2021 ele causou elevadas temperaturas, poucas chuvas e, mesmo tendo acabado, os efeitos ainda estão sendo sentidos. Os meses de Junho, Julho e Agosto terão uma probabilidade mínima de chuvas em grande parte do território brasileiro tendo somente a região norte com chuvas acima da média. Além disso existe a possibilidade de o La Ninã retornar por volta do final de 2021.
Fonte: Folha Uol
Juntando esses fatores, em 2021, temos como resultado uma grande redução no volume das chuvas que estão afetando o nível dos reservatórios no Brasil. Os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, por exemplo, estão com apenas 32% da capacidade, sendo que ele é responsável pela maioria do abastecimento de energia do país. Isso fez com que a Agência Nacional de Águas (ANA) declarasse situação crítica de escassez hídrica em regiões dos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Foi cogitado também uma redução do fornecimento de água destinada às hidrovias e irrigação, colocando como prioridade a geração de energia elétrica, para que não houvesse apagões nas cidades. Para estudar propostas de prevenção e ações de impactos relacionados à destinação e uso das águas foi criado o Grupo Técnico de Assessoramento da Situação da Região Hidrográfica do Paraná (GTA-RH Paraná) que irá acompanhar a situação da Região Hidrográfica do Paraná.
O uso da água na Agricultura é prejudicial aos recursos hídricos?
No Brasil, segundo dados do Atlas Irrigação, temos 8,2 milhões de hectares de área irrigada que correspondem a somente 3% da área de plantação. Essa área utiliza 49,8% das águas vindas de fontes hídricas. Até 2040, a previsão é aumentar a área irrigada por volta de 14 milhões de hectares, o que é um valor muito baixo comparado ao potencial de irrigação de 56 milhões de hectares potenciais.
Agricultura Irrigada - Gotejamento. Fonte: IrriAgro
A irrigação oferece a água necessária que a plantação precisa em tempos de estiagem, ajuda no aumento e na qualidade da produção; é positiva para a economia pois com o aumento da produção os preços por unidade diminuem tornando o valor mais competitivo; e por fim, na questão ambiental, auxilia na economia de água, pois a água usada faz o que se chama de ciclo hidrológico. A tecnologia usada para essa irrigação possui diversos métodos como o método por aspersão, microaspersão e gotejamento. Em uma entrevista para a AuE Irrigação o Engenheiro Agrônomo Marcelo Zlochevsky diz que as plantas necessitam de água para sobreviver e projetando um bom sistema de irrigação com equipamentos eficientes podemos controlar o consumo da água.
Infelizmente há pouco incentivo público a esta prática que traria inúmeras vantagens e benefícios. O agricultor ainda é visto como o vilão que desperdiça água, o que não é verdade. A prática da irrigação ainda é acanhada, alcançando menos de 10% da área agricultada.
Marcelo Zlochevsky - Engenheiro Agrônomo - trecho da entrevista para a AuE Irrigação Digital
Divulgação evento "Irrigar é Alimentar". Fonte: CNA
Este incentivo tem sido discutido e a agricultura irrigada se tornou o assunto mais comentado nos últimos dias. Durante o encontro virtual “Irrigar é Alimentar”, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Ministérios do Desenvolvimento Regional e da Agricultura, foi reforçado a importância da tecnologia para a produção de alimentos e para a sustentabilidade além de ter sido falado sobre a criação da Rede Nacional de Irrigantes e a definição do dia 15 de Junho como o Dia Nacional da Agricultura Irrigada. Mais informações sobre a Agricultura Irrigada se encontra no 2° Atlas da Irrigação, que conta com uma nova base técnica atualizada com informações para o acompanhamento e o planejamento da expansão do setor, contribuindo para a Política Nacional de Irrigação e para a Política Agrícola. A edição subsidia as tomadas de decisão com vistas ao desenvolvimento sustentável, sobretudo quanto à segurança hídrica para os usos múltiplos.
Então, se a agricultura não é prejudicial aos recursos hídricos, quais são os maiores problemas da falta de água no Brasil? Além dos fatores climáticos, a maior crise está no mau gerenciamento que fazemos da mesma no que diz respeito à poluição, onde indústrias despejam produtos químicos nas águas, descarte incorreto de lixo e esgoto; e ao uso excessivo de energia elétrica ao deixar as luzes sempre acesas, muito tempo usando o chuveiro, gastar muita água lavando a calçada,etc.
Fonte: Cruzeiro do Sul
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