Irrigação automatizada em campos esportivos por André Amaral
Autor: Jéssica Souza - Data: 18/09/2021
Os Jogos Olímpicos de Tóquio já se encerraram, mas a Revista AuE Irrigação Digital ainda está no clima esportivo.
Durante os jogos pudemos notar os campos bem de futebol com o gramado em perfeito estado e parte disso se deve à irrigação, manutenção, entre outros aspectos. Além do futebol temos também, por exemplo, o golfe; e esses campos esportivos com gramados quando são bem cuidados auxiliam no desempenho dos atletas.
Mas como funciona esse sistema de irrigação em campo? Existem exigências para este tipo de projeto? Para saber mais sobre esse universo da irrigação esportiva convidamos para uma entrevista o Diretor de Operações da World Sports André Amaral.
Ele é engenheiro agrônomo especializado em irrigação e drenagem pela UNESP. Especialista na área de gramados esportivos a mais de 25 anos, já trabalhou em grandes projetos como Arena Corinthians, Pacaembu, Vila Belmiro, Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos 2016.
Confira um pouco sobre o assunto à seguir:
Aue Irrigação: Fale sobre a empresa e quando ela iniciou com projetos de irrigacão esportiva.
André Amaral: A World Sports nasceu em 1995 focada na construção e manutenção de campos esportivos naturais e sintéticos e é parceira da Rain Bird desde sua fundação. No início a empresa terceirizava a instalação dos sistemas de irrigação mas a partir de 2008 começou a instalar seus próprios projetos.
Aue Irrigação: Quais campos englobam a irrigacão esportiva?
André Amaral: Praticamente todos os campos esportivos que são gramados (naturais ou sintéticos) precisam de irrigação. Para os campos naturais é mandatório mas para os sintéticos pode ser opcional apesar de não ser recomendado.
Aue Irrigação: No que uma boa irrigacão auxilia em campo?
André Amaral: Uma irrigação uniforme é imprescindível para se ter um gramado natural perfeito. Sem um ótimo projeto de irrigação, muito provavelmente na estação das secas, o campo ficará manchado por causa da desuniformidade e isso é muito difícil de corrigir. Além do projeto, a manutenção é muito importante pois um aspersor com problema pode colocar o trabalho de um ano todo a perder. Manutenções preventivas periódicas do sistema de irrigação são parte do trabalho da empresa nos campos que mantemos.
No gramado sintético, a irrigação tem a função de baixar a temperatura da grama e/ou deixar a bola mais rápida. O projeto permite algum nível de desuniformidade pois a grama não depende dessa água para sobreviver. Em regiões muito quentes, uma irrigação bem projetada é muito importante para conseguir baixar a temperatura da grama.
Instalação do Projeto de Irrigação da Arena Neoquímica - Copa do Mundo 2014. Fonte: André Amaral
Aue Irrigação: Quais são os principais pontos a considerar antes de projetar?
André Amaral: Quando comparamos o projeto de um campo esportivo ao de um projeto paisagístico, ele é até mais simples de projetar pois só temos um tipo de cobertura vegetal e uma área uniforme (um retângulo) porém o projeto tem que ser precisamente especificado pois a desuniformidade pode colocar todo um trabalho a perder.
A evapotranspiração do local, a capacidade do reservatório e o projeto da estação de bombeamento são os pontos principais. Para estádio com cobertura é muito importante contar com um projeto valve-in-head onde cada aspersor é comandado por uma válvula para que você possa adequar a irrigação conforme o sombreamento do estádio.
Aue Irrigação: O tipo de gramado diferencia o tipo de instalacão na irrigação?
André Amaral: Sim, nos gramados naturais profissionais usamos rotores (valve-in-head ou não) e nos campos sintéticos profissionais utilizamos potentes canhões (escamoteáveis ou não) que ficam fora da área de jogo. Isso é importante pois se ocorrer algum problema com a tubulação ou aspersor dentro do campo de jogo, para o consertar o sistema teríamos que abrir o gramado sintético e isso não é bom para a qualidade do campo.
Aue Irrigação: Quais os tipos de irrigação são usados nos campos de futebol?
André Amaral: Em campos de futebol usamos rotores escamoteáveis. Eles podem ser instalados em linhas de aspersores ou acionados um a um para um maior controle da lâmina aplicada.
Aue Irrigação: Existe diferenciação entre tipos de campo?
André Amaral: Para estádios sem coberturas e centros de treinamento não há praticamente nenhuma diferenciação. Em estádios cobertos usamos o projeto valve-in-head.
Projeto Concluído Arena Neoquímica - Copa do Mundo 2014. Fonte: André Amaral
Aue Irrigação: Quais são as etapas de projeto que vocês seguem?
André Amaral: Normalmente fazemos a instalação da tubulação junto com a drenagem mas não na mesma vala pois se ocorresse um vazamento não conseguiríamos detectá-lo visualmente. Depois da instalação da tubulação terminamos a construção do campo e antes do plantio, instalamos os aspersores, testamos e com a irrigação já funcionando fizemos o nivelamento a laser que precisa da água para ser executado. A instalação do sistema de bombeamento e controle é feita durante a execução do campo.
Aue Irrigação: Ao finalizar o projeto de irrigação, como é feita a manutenção?
André Amaral: Nos campos que fazemos a manutenção do gramado, a manutenção periódica e regulagem dos aspersores já está inclusa no contrato. Qualquer outra manutenção é cobrada à parte. A manutenção básica do dia-a-dia consiste na limpeza do filtro e verificação da rotação dos aspersores para evitar que falhas na rotação gerem desuniformidade. Se houver falha, faremos o ajuste/manutenção e se a falha persistir trocamos o aspersor.
Aue Irrigação: Vocês participaram na instalação de 7 gramados de estádios da copa do mundo FIFA 2014. Para esses campos em específico, existe um padrão de projeto de irrigação, qual é o padrão?
André Amaral: Sim, os estádios da copa tem um projeto diferente. Eles são valve-in-head, ou seja, cada aspersor tem a sua própria válvula, dessa maneira conseguimos controlar o volume de água aplicado por cada aspersor conseguindo adequar a irrigação às variações de sombreamento do campo. Os sistemas de bombeamento são todos grundfus e alguns possuem também sistema de injeção de fertilizantes. Na Arena Corinthians, devido à complexidade do gramado, instalamos 48 aspersores ao invés dos 35 usuais para poder ter ainda mais controle sobre a água.
Aue Irrigação: Fale sobre um projeto de estádio Padrão Fifa que vocês trabalharam.
André Amaral: Um dos projetos mais desafiadores na COPA 2014 foi a ARENA NEOQUÍMICA por causa da complexidade de se trabalhar com uma grama de clima frio em um país tropical. O sistema de irrigação teria que ser muito preciso para que possamos confiar no sistema de irrigação. O sistema é composto de 48 aspersores Rain Bird 8005SS, 48 Válvulas Rain Bird PGA, sensor de fluxo, Controlador Rain Bird ESP-LXD com sistema de decoder e tubulação toda em PEAD. O projeto foi executado em 2013 e funciona perfeitamente até hoje, ajudando o gramado a receber ano após ano o título de melhor gramado do Brasil.
Aue Irrigação: Como é o mercado de irrigacão em campos esportivos no Brasil?
André Amaral: É um ótimo mercado, existem milhares de campos esportivos no Brasil e todo campo sem irrigação é uma oportunidade de trabalho para o setor. Falei mais aqui sobre os campos profissionais, mas os campos amadores, campinhos, residências e afins também são uma fonte inesgotável de trabalho no Brasil. Logicamente esses projetos menores trabalham com rotores menores ou até os sprays como já vi em algumas residências e estão incorporados no projeto de irrigação do paisagismo normalmente.
Aue Irrigação: Qual conselho você daria para quem pensa em entrar nessa área?
André Amaral: É uma ótima área de trabalho para quem gosta de irrigação. O primeiro passo seria participar da ótima Academia Rain Bird que te fornece todo o conhecimento básico para trabalhar com irrigação em paisagismo e campos esportivos. Aprender com o paisagismo talvez seja muito importante pois o nível de complexidade é maior que o da irrigação para gramados esportivos. A diferença talvez fique para o manejo da irrigação do gramado esportivo que é mais complexo do que o do paisagismo. A grama precisa receber água numa quantidade exata pois o excesso pode atrapalhar o desenvolvimento da grama e uma irrigação aquém das necessidades da grama pode causar danos visuais críticos para o gramado e atrapalhar o desenvolvimento do gramado que precisa sempre estar crescendo para se recuperar das agressões das partidas e treinos.
Projeto Concluído Arena Neoquímica - Copa do Mundo 2014. Fonte: André Amaral
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André Amaral - Diretor de Operações
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