Irrigação no Brasil do Campo aos Jardins: A eficiência no uso da água nos sistemas agrícolas
Autor: André Guilherme Rego - Data: 02/06/2025
A irrigação no Brasil ganha cada vez mais espaço diante das diversas condições de clima, solo, cultura e realidades socioeconômicas presentes em todo o território nacional. Não existe um único sistema de irrigação ideal, capaz de atender de forma plena a todas essas variáveis. Por isso, a seleção do método mais adequado deve ser feita com base em uma análise criteriosa das condições locais e dos objetivos de produção.
A agricultura irrigada é extremamente versátil e se adapta a uma ampla gama de culturas e ambientes. Essa flexibilidade é resultado dos diferentes métodos de irrigação existentes, cada um com características, vantagens e limitações específicas. Os quatro principais métodos são: aspersão, microirrigação, irrigação por superfície e irrigação subterrânea. Conheça a seguir as particularidades de cada um.
Irrigação por Aspersão
O sistema de aspersão simula a chuva ao lançar água em forma de gotas sobre as plantas. O sistema convencional é o mais básico e serve de base para os demais tipos. Pode ser classificado como portátil, semifixo ou fixo, conforme o grau de mobilidade no campo. Esse método é indicado para pequenas áreas e terrenos com relevo acidentado, além de solos com alta infiltração.
Vantagens:
Adaptação a terrenos com declives e superfícies irregulares;Eficiência média entre 70% e 90%, dependendo das condições climáticas e do sistema utilizado;Permite irrigação frequente e com menor volume, ideal para solos arenosos;Boa uniformidade na distribuição de água;Condutos fechados reduzem perdas por infiltração e evaporação;Fácil montagem e desmontagem dos equipamentos.
Atenção: o vento, a umidade relativa do ar e a temperatura influenciam significativamente a eficiência do sistema, impactando principalmente a uniformidade e as perdas por evaporação.
Microirrigação (Irrigação Localizada)
A microirrigação, também conhecida como irrigação localizada, aplica a água diretamente na zona das raízes, de forma controlada e em baixo volume, utilizando gotejadores, microaspersores ou nebulizadores. É amplamente utilizada em pomares, hortas e estufas, onde o espaçamento entre as plantas é reduzido.
Vantagens:
Alta economia de água;Redução da incidência de doenças foliares;Melhora a eficiência na absorção de nutrientes;Diminuição da mão de obra com irrigação;Sistema automatizável, com uso de controladores programáveis.
Componentes: tubos, conexões, filtros (essenciais para evitar entupimentos) e emissores, todos projetados para garantir durabilidade e eficiência no fornecimento da água.
Irrigação por Superfície
É o método mais antigo e simples, que utiliza a gravidade para distribuir a água diretamente sobre o solo. A lâmina d’água corre pela superfície e infiltra no solo, atingindo as raízes. Ele é indicado para solos com textura fina, baixa declividade e terrenos com superfície regular.
Vantagens:
Baixo custo de implantação;Baixa dependência de equipamentos;Menor demanda de energia elétrica;Facilidade de operação em grandes áreas.
Apesar da simplicidade, esse método pode apresentar menor eficiência de uso da água, sendo necessário um bom planejamento para evitar perdas por escorrimento e percolação profunda.
Irrigação Subterrânea
Neste sistema, mangueiras com emissores gotejadores são instaladas abaixo da superfície do solo, liberando água diretamente na zona radicular. Essa técnica reduz drasticamente as perdas por evaporação e garante maior eficiência na absorção de nutrientes.
Vantagens:
Otimização do uso da água e insumos;Redução do uso de defensivos e fertilizantes;Menor escorrimento superficial, contribuindo para a sustentabilidade;Aumento da produtividade e rentabilidade.
É especialmente indicada para cultivos permanentes e de alto valor agregado, como frutas, cana-de-açúcar e algumas hortaliças, desde que bem manejada e com manutenção regular.
Irrigação com Pivô Central
O pivô central é um sistema mecanizado de irrigação amplamente utilizado em grandes áreas agrícolas devido à sua eficiência e cobertura uniforme. Seu funcionamento baseia-se em uma torre central fixa, da qual se estende uma tubulação suspensa equipada com aspersores. Essa estrutura gira em círculos ao redor do ponto central, distribuindo água de maneira homogênea sobre a lavoura. O sistema é composto por três elementos principais: a torre central que serve como ponto fixo, a tubulação com aspersores ao longo dos vãos e rodas motorizadas que movimentam a estrutura.
Esse método é ideal para irrigar grandes áreas planas ou com relevo suave, especialmente em culturas de ciclo longo e alto valor comercial, como milho, soja e café. Além disso, é bastante eficiente no uso da água, o que o torna indicado para regiões com restrição hídrica. O pivô central também possibilita a fertirrigação e pode ser controlado remotamente, facilitando a automação da irrigação.
Vantagens:
Economia de águaCobertura de grandes áreasMenor necessidade de mão de obraPermite fertirrigaçãoVersátil para diferentes culturasMenor compactação do soloFacilita automação e monitoramento remoto
A escolha do sistema de irrigação mais adequado depende de uma análise técnica aprofundada, considerando condições edafoclimáticas, características da cultura, disponibilidade hídrica, infraestrutura disponível e viabilidade econômica. Não existe um modelo único de irrigação ideal, mas sim um conjunto de alternativas que, se bem aplicadas, podem transformar a produtividade e a sustentabilidade da agricultura brasileira.
Fontes:
OS MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO
Métodos de Irrigação e Quimigação
Irrigação por aspersão
O que é: Microirrigação
Irrigação por superfície: o que é e como implantar em seu negócio
Irrigação Subterrânea por Gotejamento Revoluciona a Produção de Café e Cana no Norte do ES
“BERNARDI... Irrigação – princípios e métodos” – PDF disponível via Infoteca Embrap
Veja também:
Dicas para Orçamento e Implantação de Irrigação Automatizada
Erros Comuns na Irrigação: Como Prevenir e Garantir Alta Eficiência
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