Cesar Midorikawa e a necessidade de um bom dimensionamento nos projetos de irrigação
Autor: Josué Magrani - Data: 08/12/2022
Nesta primeira edição da AuE Irrigação de 2023 nós chamamos o projetista de irrigação e fundador da Rega Cerrado Cesar Midorikawa para uma entrevista. Trabalhando há cerca de dez anos na área, nosso convidado nos conta que deu início em sua carreira através de seu pai que já trabalhava com irrigação, acompanhando-o desde jovem em algumas obras até que, ao terminar a escola, decidiu dar continuidade a esse trabalho.
A criação e desenvolvimento da Rega Cerrado
Diferente de seu pai que trabalhava como autônomo, Cesar decidiu fundar sua empresa em 2013, começado como “Microempreendedor Individual” (MEI), categoria muito comum entre pequenos prestadores de serviço, o que o permitiu ir além do trabalho com obras, podendo também expandir para vendas e instalações e também abriu portas para crescer ainda mais, a ponto de poder alterar sua categoria para “Sociedade Empresaria Limitada” no último ano.

Inicialmente, a Rega Cerrado trabalhava apenas com a parte prática de irrigação, tendo adotado o setor de projetos enquanto Cesar trabalhava simultaneamente na Hidro Garden. Na ocasião, nosso convidado precisou fazer uma apresentação de layout a um cliente, e juntando a necessidade com a vontade de aprender, fez algumas aulas com um de seus amigos desta empresa a fim de aprender a utilizar o software HydroLANDSCAPE, do qual ele vem utilizando até hoje.
“Foi o aprendizado e a alta demanda que a gente tem aqui de projetos de irrigação. Em Brasília hoje (...) praticamente toda obra que você vai, o pessoal pede um projeto de Irrigação”
De acordo com Cesar, este foi o principal motivo de ter levado este aprendizado para a Rega Cerrado, ainda em suas palavras, esta alta demanda é justificada pois os projetos de irrigação trazem um custo benefício excelente para a manutenção de áreas de paisagismo.
A fim de não entrar em concorrência direta com a outra empresa da qual trabalhava, Midorikawa decidiu levar a Rega Cerrado por um caminho diferente, optando por deixar o mercado agrícola de lado, atuando majoritariamente em obras residenciais e paisagismo de pequenos e médios condomínios de até 10.000 m².
Principais desafios da área
Segundo Cesar, um dos limitantes que impedem a empresa de buscar fechar contratos de obras maiores é a falta de mão de obra qualificada para desempenhar o trabalho, impedindo-a de executar projetos em prédios, condomínios maiores, ou mesmo fechar uma quantidade maior de contratos por mês.

Em relação às dificuldades de execução do projeto, nosso entrevistado afirma que o maior problema é a compatibilização na hora da execução devido a mudanças feitas por terceiros em outros setores do local, como mudanças no local da tubulação e das plantas, calçadas que não batem com a planta ou mesmo casas que se encontram fora do padrão. Ainda assim, estes percalços se mostram mais como agentes retardantes na execução do serviço do que necessariamente desafios a serem superados, podendo ser resolvidos durante o trabalho em campo, já em relação à criação e dimensionamento, Cesar comenta que estas se mostram fáceis de se executar.
Manutenção de sistemas problemáticos
Em novembro, como alguns devem se lembrar, um dos temas de nossa conversa com Everlin Castro foi às dificuldades de se executar a manutenção de um sistema montado por terceiros, e este tema retorna aqui para ressaltar outra questão relativa a esse serviço, o custo. Em muitos casos, tentar reparar o sistema que outra empresa construiu se mostra muito caro e isso se dá pelo fato de que algumas delas, na tentativa de baratear o custo de produção, acabam por utilizar materiais de menor qualidade ou que não atendem a necessidade do projeto em si. Nas palavras de Cesar:
“O pessoal monta o sistema de irrigação, (...) dá aquele preço mais lá embaixo, não dimensiona legal o sistema e aí o cliente liga (para a Rega Cerrado) nesses períodos de seca (...) e a gente não consegue dar conta de resolver para o cliente porque a solução às vezes custa quase o preço de um sistema novo”
Por conta dessa questão, Cesar optava por não fazerem este tipo de serviço até que, devido a demanda cada vez mais crescente, começou a treinar mais uma pessoa em sua empresa para abrangê-los. Ele alerta para a dificuldade de trabalhar com sistemas mal dimensionados, dando destaque às tubulações que por vezes são muito finas e não oferecem pressão suficiente para executar sua função.
Períodos de Seca X Períodos de Chuva
Ao perguntarmos sobre as diferenças encontradas entre épocas em que há mais chuva, como a que boa parte do Brasil vive agora, e momentos de maior estiagem, Cesar nos afirma que na questão financeira não se vê muita diferença pois cada período acaba oferecendo trabalhos diferentes para sua empresa. Em um primeiro momento ela aproveita de suas parcerias com paisagistas e construtoras para conseguir novos projetos, também é considerado um fator auxiliar para sua empresa a localização da qual está estabelecida (Brasília, DF) que recebe novas obras constantemente.

Já em períodos de seca, caracterizados pela maior necessidade de irrigação para manter plantações e jardins saudáveis, é justamente a época do ano em que a demanda para serviços em residências e condomínios sofrem um aumento.
Já no que se refere à execução dos projetos, os períodos de chuva oferecem um maior desafio pelas adversidades do campo.
“Período chuvoso aqui é barro, muita lama e a gente tem dificuldade na hora de fazer as valas, de deixar os aspersores nivelados (...) Duas pessoas montam uma válvula por dia e no caso (de períodos chuvosos) você consegue montar “meia” válvula dependendo da situação.”
Estes percalços influenciam principalmente no tempo necessário para se entregar o projeto finalizado.
Depoimento
Projetando há pouco mais de 10 anos, Cesar Midorikawa vem utilizando o HydroLANDSCAPE desde 2013 pouco tempo após incorporar esta área em sua carreira e trabalhando com o software até os dias de hoje em sua versão 2022, em suas palavras:
“Para a elaboração de projeto eu hoje utilizo o HydroLANDSCAPE, que foi uma ferramenta que mudou minha vida na hora de projetar. Minha produtividade aumentou uns 70% na quantidade de projeto que a gente faz com o software.”
As etapas do projeto
Para finalizar, Cesar ainda compartilha conosco a média de tempo para a criação de um projeto desde o fechamento do contrato até a entrega do trabalho como sendo cerca de cinco dias em áreas pequenas. Já para áreas grandes é comum a empresa pedir um prazo de trinta dias, embora acabe entregando em menos tempo.
Esta agilidade no prazo de entrega se justifica pela forma de produção em etapas adotada pela empresa em quatro etapas:
Projeto básico: criação do layout, cobertura e definição dos aspersores;Pré executivo: dimensionamento de válvulas, tubulação, local de controlador, etc;Executivo: alinhamento do desenho e conferimento de cálculos;Entrega do memorial descritivo com os quantitativos do projeto;
Assista o vídeo da entrevista completa!
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